Em 13 de maio de 1917, apareceu a Santíssima Virgem na Cova da Iria a três pastorinhos. Lúcia, Jacinta e Francisco. A Virgem Maria os ensinou como rezar o rosário. E mandou-lhes rezar todos os dias para alcançar a paz do mundo e o fim da guerra.
A Virgem seguiu aparecendo às crianças em outras cinco vezes, pedindo-lhes que fizessem muitos sacrifícios para a conversão dos pecadores. Em 13 de outubro, disse-lhes que era a Senhora do Rosário e que queria estabelecer no mundo a devoção ao seu Coração Imaculado.
Nesse mesmo dia fez um grande milagre (o movimento giratório do sol lançando raios de luz de diferentes cores), que foi presenciado por mais de 70.000 pessoas ali presentes. A devoção à Virgem de Fátima se estendeu ao mundo inteiro e os milagres se multiplicam sem cessar. Sua comemoração litúrgica se celebra no dia 13 de maio, data da primeira aparição na Cova da Iria.
Modo Eficaz de Rezar o Rosário
Para obter do santo Rosário toda a sua eficiência impetratória e santificante é evidente que não basta rezá-lo de uma maneira mecânica e distraída, como poderia fazê-lo uma gravação. É preciso rezá-lo digna, atenta e devotamente, do mesmo modo que o Breviário ou qualquer outra oração vocal.
Em teoria, deve-se reconhecer que é difícil rezar bem o Rosário, precisamente porque se deve juntar a oração vocal com a mental, sob a pena de invalidá-lo enquanto Rosário. Mas, na prática, é fácil encontrar procedimentos que ajudam eficazmente a recitação correta e piedosa da grande devoção mariana. Tentaremos expor a maneira de rezar digna, atenta e devotamente.
Como rezar o rosário dignamente
Essa primeira condição exige, como programa mínimo, que a recitação do Rosário se faça de maneira decorosa, como corresponde à majestade de Deus, a quem principalmente dirigimos nossa oração. O melhor procedimento é rezá-lo de joelhos diante do Sacrário, o que traz consigo uma indulgência plenária – ou diante de uma devota imagem de Maria. Mas se pode rezar em qualquer outra postura digna (p.ex., modestamente sentado, passeando pelo campo, etc.). Seria indecoroso rezá-lo na cama (a não ser por razão de enfermidade), ou interrompendo-o constantemente para responder a perguntas alheias a oração, ou em um lugar público e concorrido, que fizesse quase impossível a atenção, etc.
Como se reza o terço atentamente
A atenção é necessária para evitar a irreverência que seria se fosse plenamente voluntária. Como queremos que Deus nos escute, se começamos por não escutarmos a nós mesmos?
Sem dúvida, nem toda distração é culpável. Não temos controle despótico sobre nossa imaginação, senão unicamente político ensinam os filósofos -, e não podemos evitar que, sem permissão, escape- nos, como um servo desobediente e indomável, tal é a «<louca da casa»>. As distrações involuntárias não invalidam o efeito meritório impetratório da oração, de modo que se faça o possível para contê-las e evitá-las.
O que diz Santo Tomás de Aquino sobre a atenção na oração vocal
Escutemos o Doutor Angélico explicando admiravelmente esse interessantíssimo ponto ao perguntar-se «se a oração deve ser atenta» «Essa questão afeta principalmente a oração vocal. Para resolvê-la com acerto deve-se distinguir, em primeiro lugar, o que é melhor e o que é absolutamente necessário. É evidente que para alcançar o fim da oração é melhor que seja atenta.
Se nos fixarmos naquilo que é absolutamente necessário, dever-se-á distinguir na oração um tríplice efeito: meritório, impetratório e certo deleite espiritual que produz na alma daquele que ora. Para os efeitos meritório e impetratório não é necessário que a oração seja atenta de maneira constantemente atual (ou seja, em todos e cada um dos seus momentos), mas basta a atenção virtual, que é aquela que se põe ao princípio da oração e perdura ao longo de toda ela mesmo que se produzam distrações involuntárias. Se faltar a primeira intenção, a oração não seria meritória e nem impetratória. Ao contrário, a atenção atual é absolutamente necessária para obter aquele espiritual deleite que traz consigo a oração fervorosa, incompatível com a distração mesmo involuntária.
A tripla atenção na oração vocal do rosário
Tenha-se em conta, ademais, que a oração vocal pode pôr-se uma tripla atenção. A primeira e mais imperfeita refere-se à correta pronunciação de todas as palavras. A segunda fixa no sentido dessas palavras. A terceira, finalmente, põe seu empenho na finalidade da oração, ou seja, em Deus e na coisa pela qual se reza. Essa última é a mais importante e necessária e podem tê-la inclusive as pessoas de curtos alcances ou que não entendem o sentido das palavras que pronunciam (p.ex., por rezar em latim ou em idioma desconhecido). Essa última atenção pode ser tão intensa que arrebata a mente a Deus até o ponto de nos fazer perder de vista todas as demais coisas (como ocorre, p.ex., na oração extática)>>
Tendo em conta estes princípios do Doutor Angélico e com o fim de facilitar a atenção na oração do Santo Rosário e extrair dele sua máxima eficácia santificante, proporemos o seguinte método, que foi usado com êxito por muitas pessoas que anteriormente padeciam de grandes distrações nesta oração:
Método de como rezar o rosário
1º. Durante a oração do Pai-Nosso fixar-se unicamente no sentido maravilhoso de cada uma de suas palavras, sem pensar no mistério correspondente do Rosário, já que é psicologicamente impossível atender eficazmente às duas coisas ao mesmo tempo.
2º. Durante a oração das três Ave-Marias seguintes (pouco mais ou menos, entenda-se) fixar-se exclusivamente no sentido dessas Ave- Marias, saudando à Virgem com elas e sem ter em conta o mistério a que pertencem, pela razão já indicada.
3º. Durante a recitação das três Ave-Marias seguintes (sempre mais ou menos, já que isso não se pode e nem se deve medir milimetricamente) pensar exclusivamente no mistério correspondente que se está rezando (p.ex., a encarnação do Verbo, a crucifixão, etc.), sem pensar nas Ave- Marias que se recitam, por serem incompatíveis ambas as coisas.
4°. Durante as três ou quatro Ave-Marias finais pensar exclusivamente nas consequências práticas que se desprendem do mistério correspondente (p.ex., a humildade de Maria, o amor à cruz, etc.), sem pensar no próprio mistério nem nas Ave-Marias que se vão rezando.
5º. Durante o Glória ao Pai pensar exclusivamente em glorificar com ele à Santíssima Trindade, sem pensar em absolutamente nada mais.
Os efeitos desta forma de rezar o rosário
Esse método, à primeira vista um tanto artificioso e complicado, resulta facilíssimo e simplíssimo quando a alma se habitua a ele. Em princípio custa um pouco acostumar-se, mas depois resulta facilíssimo e a alma experimenta o vivo prazer na oração do Rosário. Desta maneira, tira-se o máximo de proveito das orações vocais, da meditação de seus mistérios e das consequências práticas que deles se derivam, juntando de maneira cômoda, fácil e simples todos os modos de atenção que afetam a oração vocal e a mental. A quem ponha em dúvida, rogamos que tente por algum tempo com toda a seriedade este procedimento e, desde já, aceitamos seu veredito final.
Rezando o rosário devotamente
Esta condição consegue-se automaticamente procedimento que acabamos de indicar. A devoção consiste – como dissemos no lugar correspondente (cf. n.339) – em uma prontidão de ânimo para as coisas relativas ao serviço de Deus. É impossível que a alma não se sinta cheia de devoção caso consiga rezar o Rosário da maneira tão perfeita que acabamos de indicar.
Uma coisa importantíssima devemos advertir aqui. O principal fim de toda oração vocal ou mental é unir a alma com Deus da maneira mais íntima possível. Todo o resto inclusive a impetração das graças que pedimos – é secundário em relação a esta finalidade suprema.
O rosário, grande sinal de predestinação
A oração do Rosário, nas condições que acabamos de indicar, constitui em um dos maiores e mais claros sinais de predestinação que podemos alcançar neste mundo, ao reunir a eficácia infalível da oração impetratória da perseverança final e a poderosíssima intercessão de Maria como Mediadora universal de todas as graças. Temos exposto esse ponto em outro lugar de nossa obra (cf. n.403) e nada de novo temos a acrescentar aqui senão rogar a Maria que se cumpra em cada um dos leitores deste livro o desejo ardente de um grande devoto da Virgem em sua dupla invocação do Carmo e do Rosário:
Quando com o branco sudário
Cobrirem os meus despojos
Salve-me teu Escapulário
E tenham os meus frios dedos
As contas de teu Rosário!
Do livro: A Virgem Maria do Frei Antônio Royo Marín
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